Há uns anos atrás na empresa onde trabalhava tinha um colega que era “politicamente activo”. Era daqueles rapazes tipicamente agitadores das “jotas” com o discurso sempre orientado para as linhas mestras do Partido e para a facção à qual pertencia dentre do mesmo.
Ao princípio até achávamos piada a algumas intervenções sempre parciais, mas com o tempo a “piada” passou a “probleminha” e raramente tentávamos levantar assuntos polémicos junto da pessoa em causa.
O tempo foi passando e um belo dia fomos surpreendidos com a sua nomeação para um cargo político. Após a saída do “número 1” do partido que representava do seu lugar de vereador (obviamente que não abandonou a política…foi eleito deputado e da Câmara transferiu-se para a Assembleia Municipal) o nosso colega assumiu o lugar, substituindo o anterior representante.
Mais umas semanas passaram e no jornal local da “terriola” deste nosso colega surge um artigo de opinião muito crítico à intervenção política do nosso colega numa recente assembleia municipal. Como artigo de opinião vinha obviamente assinado, identificando o seu autor. O que à maioria de nós provocou risos (pois a descrição que o jornalista fazia do nosso “animal político” era correcta aos nossos olhos) ao nosso colega provocou desejo de vingança. Telefonema daqui, e-mail de acolá e passada uma semana a crónica do jornalista foi suspensa e o mesmo “saneado”.
A partir desse momento passei praticamente a ignorar a política e a achar que todos os políticos são uns aldrabões e corruptos. O raciocínio foi lógico. Se uma “formiguinha” como o meu colega consegue “sanear” um jornalista, o que conseguirão os “pesos pesados”?
Os anos passaram e nunca mais vi esse meu colega. No entanto o meu desencanto político mantém-se. E esta semana voltou a dar-me razões para o meu “virar de costas” meramente como observador. No CDS (ou Partido Popular) tem vindo a acontecer um consecutivo assalto ao poder cobarde e encapotado do ex-lider à actual liderança. Tudo seria normal se não fosse o ex-líder a abandonar a liderança, deixando o partido numa liderança que além das razões históricas (após uma liderança forte vem uma fraca) nunca teve condições para trabalhar decentemente. Vendo o seu trabalho sendo constantemente minado pelo ex-líder (sempre desejoso de voltar à ribalta e ao calor das luzes da TV) ou pelos seus “cães-de-fila”. Será que realmente quis abandonar ou apenas tentou dar um golpe palaciano para voltar mais forte? A luta continua dentro de momentos com os pormenores vergonhosos que todo o pais assistiu…
Dois apontamentos finais:
- Espero que não triunfe
- Onde é que eu já vi isto?