O MELHOR DO MUNDO POSSÍVEL

A volte sorridi, a volte è più dura...

domingo, janeiro 21, 2007

Viagens

"O que mais deixei para trás, em cada viagem que fiz, foram os amigos que não voltei a ver. Amigos verdadeiros, instantâneos, instintivos, amigos do peito, para toda a vida. cá dentro, sou um português macambúzio, fechado sobre si mesmo, frequentemente de mal com Portugal e com os portugueses. Lá fora, sobretudo quando viajo sozinho, sou um homem novo, sem pais, sem destino, sem passado nem futuro: apenas o tempo que passo. E assim, porque sou verdadeiramente livre e desconhecido, acontece-me frequentemente tornar-me íntimo amigo de pessoas que acabei de conhecer há meia dúzia de horas. Tudo é genuíno e generoso nesses encontros e, quanto maiores são as diferenças, mais evidente se torna o que é essencial nas relações entre as pessoas. Não esperamos nada uns dos outros, apenas o privilégio de viajar juntos, beber uma cerveja juntos, ficar à conversa por uma noite adiante.
Disse uma vez, uma dessas constrangentes despedidas, um amigo sarahui:"Os que não morrem, encontram-se." Mas aprendi que não era verdade, infelizmente. quando muito, poderia talvez acreditar que os que se encontram nunca mais morrem na nossa memória. Mesmo que apareçam tão somente assim, esporadicamente, do fundo de uma gaveta, onde vive, arquivada, a luz dos dias felizes."

Miguel Sousa Tavares in "Sul"

Penso que as viagens podem não implicar necessariamente uma deslocação no espaço. Agradeço a viagem que me fez conhecer quem me ofereceu este livro e me acrescentou um pouco mais de vida. Desejo-lhe também toda a sorte do mundo nesta sua nova viagem. Porque merece.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Desejo que nunca pares de viajar. Estás melhor diabinho?

05:24  

Enviar um comentário

<< Home