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segunda-feira, abril 23, 2007

O País dos Pequenos Salazar

Se há personalidade portuguesa do âmbito do comentário político/desportivo que eu admiro é o Miguel Sousa Tavares.
Apesar de ser, como disse, um comentador que une a promiscuidade politica e desportiva, como não lhe ligo patavina ao campo desportivo (apesar de eu achar que se fosse eu próprio a escrever acerca do meu clube seria tal e qual o Sousa Tavares), acho que politicamente e socialmente é uma personalidade com a qual não variavelmente tenho afinidade de opiniões. Como tal, e à semelhança do Ricardo Araújo Pereira na Visão, é a primeira coisa que leio no semanário Expresso.
Já ando há algumas semanas para escrever acerca alguma crónica do Miguel Sousa Tavares (especialmente quando o assunto é a OTA), no entanto a desta semana, e não versando assuntos para os quais sou sensível (pois não fumo, não caço, não faço pesca submarina e raramente estaciono o meu carro em Lisboa em dias de semana) o título e o sentido da prosa desta semana é realmente oportuna no sentido pessoal: “O país dos pequenos Salazar”.
Fala então o Sousa Tavares acerca de diversas situações em que os legisladores e eventuais “agentes reguladores do cumprimento da lei” (vulgo autoridades policiais nos seus papéis mais representativos: PSP ou GNR) aparecem como esses pequenos Salazares impondo a sua lei.
O primeiro caso é o estacionamento em Lisboa. O Miguel Sousa Tavares apresenta um caso em que uma “carrinha de bloqueadores” ocupa meia artéria lisboeta enquanto bloqueia e multa as viaturas. Afunila o trânsito e provoca o caos. O segundo caso é a proibição de pesca submarina na Arrábida e possível extensão à Costa Vicentina. Eu nunca pratiquei pesca submarina (e já não me lembro há quantos anos lancei a cana pela última vez ao mar ou rio para apanhar provavelmente uma tainha) mas não deixo de concordar com o Sousa Tavares. Em vez de se restringir as leis da apanha com malhas ilegais que, essas sim, prejudicam em grande escala a aquacultura nacional, os legisladores vão restringir a caça submarina… Será que os “caçadores submarinos” apanham assim tanto pescado ?
Finalmente o terceiro exemplo e sobre o assunto ao qual sou mais “estranho”. Nunca simpatizei com caça, caçadores e caçadas. Acho um desporto bárbaro. Mas mesmo com esta ressalva não consigo deixar de simpatizar com a opinião do Sousa Tavares.
Parece que segundo as novas leis uma pessoa que queira renovar a licença de arma de caça são necessárias algumas dezenas de documentos (o mínimo ao que parece são 12), um dos quais é uma prova de cadastro limpo em relação à condução sob o efeito de alcool ou drogas. Uma outra imposição é um curso de 400€ para se provar que se sabe usar as armas. Esse curso é ministrado pela PSP. O MST pergunta (e a meu ver…bem) qual as capacidades de caça dos agentes ou oficiais da PSP que ministram este curso? Provavelmente a mesma que os caçadores têm para o disparo de armas de guerra.
Sousa Tavares versa também (e a meu ver… bem) que já que para renovar a licença de caça é necessário cadastro limpo de condução com álcool (já estou a ver o slogan: Se caçar não conduza) porque é que não alargam essas imposições a médicos, polícias, bombeiros, pilotos, militares, taxistas e condutores de transportes públicos?
Não lhe posso deixar de dar razão.
Na minha Curva hoje em dia é imposto um vasto número de medidas restritivas, escudadas numa lei ambígua que na realidade ou “praxis” só é aplicada quando ao “agente regulador do cumprimento da lei” lhe dá na real gana. Como agora. Somos proibidos de tudo e mais alguma coisa sem razão aparente. E mais. A proibição não nos é justificada pelos representantes mais próximos desses “agentes reguladores do cumprimento da lei” que se limitam a encolher os ombros e a escudar as suas legítimas opiniões num silêncio cobarde e revoltante para todos os quantos lutam, criam e produzem ao longo de semanas uma ideologia que nada tem de violenta e perigosa, mas apenas visa o puro apoio e a cor. A cor de um espectáculo que, ao contrário do que dizem os “paineleiros” desportivos deste pais, não tem mesmo nada de mal. A não ser uma pequena irreverência e um comportamento não-alinhado que tentam castrar… Como Salazar. No fundo, é o melhor português não é?

PS: Caso o Expresso coloque on-line, prometo passar toda a crónica do Sousa Tavares aqui para o Blog. Vale mesmo a pena.

1 Comments:

Blogger C. said...

Concordo com ele mais desportivamente do que a nível político, como deves imaginar.
MST e RAP são mesmo dos únicos que vale a pena ler.

23:26  

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