O MELHOR DO MUNDO POSSÍVEL

A volte sorridi, a volte è più dura...

quinta-feira, outubro 20, 2005

Os pequenos ditadores

Esta semana, enquanto desfrutava do meu almoço na curtinha hora diária passava na tv uma notícia que me despertou a consciência.

“Saddam não reconhece o tribunal que o está a julgar” Era basicamente esse o mote da notícia. Imagens do ex-ditador iraquiano em tribunal e no exercício das suas funções (atrocidades) numa aldeia iraquiana compunham o resto da peça. Por momentos ignorei toda a carga mediática que os americanos usam nas imagens e limitei-me a focar a pessoa em si.

Saddam Hussein, iraquiano nascido em 28 de Abril de 1937, em Tikrit (160 km de Bagdad). Filho de camponeses passou uma infância pobre e nem chegou a conhecer o seu pai (morreu antes de seu nascimento).

Formado em direito na Universidade do Cairo (Egipto) e envolveu-se com a política desde cedo, filiando-se ao Partido Baath (nacionalista e socialista), além de tornar-se integrante de um clã cada vez mais influente no Exército. É eleito presidente do Iraque em 1979. Iniciou um “reinado” de terror no seu pais e teve conflitos armados pelo meio (Irão-Iraque, invasão do Kuwait…).

Caiu em 2003 e foi capturado pelos exércitos americanos confinado a um buraco onde vivia escondido desde a queda de Bagdad.

Ao vê-lo sentado naquela cadeira, vociferando contra o tribunal que o estava a julgar um só pensamento me atingiu. Saddam é um típico ditador arrogante, que mesmo depois da sua queda (com o “banho” de humildade que isso implica…) mantém a arrogância de um todo-poderoso que não percebe que o seu tempo passou. Á semelhança de Milosevic (a este ainda admiro o estilo desafiante do poder americano), Saddam acha-se acima da lei mas, à semelhança de Pinochet, nota-se um ar velho, abatido, cansado e doente. A idade bateu-lhe à porta. O poder que o alimentava desapareceu. É uma caricatura de si próprio e isso faz-me sentir bem. Faz sentir que ainda há justiça no Mundo. Que às vezes por linhas tortas (a invasão do Iraque sob o pretexto das armas de destruição massiva) se consegue escrever direito… Que todos os Saddams deste Mundo tenham o mesmo destino. Porque assim o merecem…