O MELHOR DO MUNDO POSSÍVEL

A volte sorridi, a volte è più dura...

segunda-feira, outubro 17, 2005

A Odisseia de 14 anos...

Imaginem um sonho com 14 anos. Misturem com uma viagem de quase 24h e misturem tudo num dia inesquecível... Foi mais ou menos o que nos aconteceu...
Ir ao novo Dragão não tem a mesma carga "mística" que as velhinhas Antas. O estádio em si não é tão temível (o antigo "buraco" foi substituído por um estádio moderno e funcional) e a equipa anfitriã já teve melhores dias (ciclos do futebol...) no entanto é sempre uma deslocação complicada para um adepto do Benfica, especialmente (ou talvez não...) se integras uma claque organizada do clube. És claramente o alvo a abater numa cidade que respira ódio pelas "legiões" invasoras...
A viagem começou cedo. Perto das 12h já Santa Apolónia respirava uma azáfama que já não se nota muito nos dias de hoje (mais uma vez o progresso também atingiu as estações de caminhos de ferro e os "dias de glória" passaram para a nova e funcional Gare do Oriente...).
Muito vermelho vivo e muita esperança em cada olhar... Meus amigos, o sonho estava prestes a começar...
O comboio arrancou às 14h. A conversa nas carruagens era a do costume, jogos passados, sonhos desfeitos e o desejo de ver o clube pelo qual torcemos vencer. Pelo menos uma vez que seja... 14 anos já são muitos anos... E a memória do relato radiofónico de 28 de Abril de 1991 já era longe demais...
Depois de duas paragens pelo caminho para recolher mais pessoal, passámos finalmente a fronteira. Ou seja... o Douro.
A chegada deu-se sem qualquer problema. Passadas lentas revistas à porta do comboio lá o cortejo engrossou e começou a "marcha lenta" em direcção ao covil inimigo.
Uma imagem que não vou esquecer. Ao entrar em Contumil (bairro pelo qual tínhamos de passar antes do estádio) um "Andrade" olhava-nos. Com um corpo débil e um bigode farfalhudo ostentava uma t t-shirt: "Procuram-se Mouros". Uma imagem que vale mil palavras...
Chegada ao Estádio. As "bocas" do costume e as perguntas pelas mães de parte a parte. Tirando o arremesso de alguns objectos decorreu sem problemas. O aparato policial era enorme e apertado.
Entramos. O ódio agora estava bem definido. Uma fronteira à esquerda e à direita. Sector visitante cheio. Muita fé. Inicia-se o jogo com grande prestação coreográfica dos antagonistas. Passam os primeiros minutos e logo a primeira contrariedade. O novo ídolo da Luz cai por terra. Lesiona-se sozinho. Sai Miccoli entra Geovanni. O homem dos jogos grandes...
Intervalo, Tudo a zero.
Começa a segunda parte. Ambos os adeptos nervosos. O Benfica ataca para a "nossa" baliza. Centro da direita de Nelson e Nuno Gomes marca. E nem foi preciso "voar como o Jardel entre os centrais" como versava o Rui Veloso, foi de pés assentes no chão, de cabeça. Brilhante. Festa. Alegria e sonho. Eu chorei...
Continua o jogo. Passam 7 minutos. Geovanni (o homem dos jogos grandes...) centra, os defesas do Porto vacilam, a bola ressalta e ... Nuno... GOLO! 2-0.
Aposto que milhões relembraram o 28 de Abril. Nem me importei que o Simão falhasse aquele centro para o 0-3. O resultado que estava feito era...perfeito.
Apito final. A loucura invade as almas encarnadas... As palavras são poucas para descrever o que se sentia ali. Só estando presente...
Uma hora passou e saímos do estádio. Aparato policial e cortejo triunfal. Partida da Campanhã para uma viagem que esperávamos rápida e afinal...
Parámos em Espinho. Deixamos pessoal. Parámos em Coimbra. Deixámos pessoal. Parámos na Amieira... e não deixamos ninguém. Comboio avariado. Horas de espera que acompanharam uma viagem até ai lenta... Substituição da automotora e viagem a prosseguir pela Linha do Oeste. Amanhece e estamos parados há horas nas Caldas. Avançamos e paramos novamente na Malveira. 11h30 e estamos a chegar a Santa Apolónia...
Valeu a pena? Fazia tudo outra vez...

1 Comments:

Blogger Pulga said...

Esse dia em nada faria sentido se lá não estivesses... Obrigado!

23:55  

Enviar um comentário

<< Home